Retirado e traduzido da Revista Tradición Católica,
da Casa Autônoma da FSSPX em Espanha-Portugal, nº 221, Maio-Junho 2009,
APUD apostoladoeucaristico.blogspot.com

sdomingos-nsenhora

por José Andrés Segura Espada

A relação que guarda o Santo Terço com o ecumenismo é muito esclarecedora, para aquele que queira comprovar que não há outro caminho que não passe pela conversão e retorno dos hereges e cismáticos à Santa Igreja Católica.

São Domingos de Gusmão, insigne santo espanhol do século XII, fundador da ordem dos Pregadores (OP) – também conhecidos como dominicanos -, foi um apóstolo de primeira categoria que juntamente com São Francisco de Assis, deu origem à criação das chamadas ordens mendicantes.

Seu carisma fundamental era a pregação para a conversão dos afastados de Deus, e sobretudo dos hereges, que naquela época percorriam todos os lugares.

Seu trabalho centrou-se sobretudo na parte central da França, onde estavam localizados os hereges Cátaros ou Albingenses, que mantinham doutrinas e práticas gnósticas, com grande prejuízo para a fé católica, pois o erro se propaga com rapidez e pertinácia.

São Domingos e seus companheiros mantiveram uma série de encontros com os cabeças da heresia em várias cidades, onde estavam mais arraigadas, no que se deram uma série de disputas doutrinais com a Sagrada Escritura e argumentos teológicos, nos quais sem exceção, os hereges se viram derrotados ou não conseguiram se impor ao santo castelhano.

Apesar de vencer os hereges nestas disputas de oratoria, o endurecimento dos seguidores da heresia não permitia a produção de muitas conversões.

São Domingos, em um momento de debilidade e desespero pelos poucos frutos obtidos, recebeu uma revelação da Santíssima Virgem, que o confortou, na qual lhe mostrou a oração do santo Rosário, para que seus trabalhos apostólicos e pregações dessem por fim o êxito desejado: a conversão dos hereges. Em efeito, a partir desse momento as conversões cresceram maravilhosamente.

Dessa forma, a Santíssima Virgem deu a São Domingos o Rosário, para que conseguisse a conversão dos hereges, e não para rezar com eles em comandita.

Por acaso a condescendência com os hereges atrai mais conversões? Os frutos obtidos dizem que não.

Este é o drama do ecumenismo: que não busca a conversão e o retorno dos hereges e dos cismáticos, senão que cada um permaneça como está: o herege em seu erro – por muito de boa fé que persista nele -; e o católico sem obedecer o mandamento de Cristo:

Ide pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei“. (Mt. 28, 19-20).

Nem a ordem de São Paulo ao bispo Tito, que no sentido próprio do termo podemos aplicar a todos os católicos, cada um segundo sua capacidade, pois todos somos soldados de Cristo:

“Porque é necessário que um bispo seja capaz de instruir na sã doutrina e refutar os que a contradizem”. (Tit. 1,7.9)

Reflitamos: fazei discípulos, não significa convertei?; refutar os que a contradizem, não é fazer o que fazia São Domingos com os hereges?

A Sagrada Escritura, os Santos Padres, os próprios santos com sua vida e obras – como São DOmingos -, clamam com toda força que o caminho a seguir no ecumenismo e o diálogo interreligioso é o retorno, e a conversão, como único fim. Todo fim que não sejam estes conceitos, é desvirtuar o verdadeiro ecumenismo.

Como no falso ecumenismo não se busca a conversão, se deixam de praticar algumas das obras de misericórdia, como são corregir ao que erra e ensinar ao que não sabe, como fazia São Domingos.

Mas claro, agora está muito difundido isso de que há que deixar cada um em sua religião, pois se está de boa fé se salvará e o ecumenismo com os irmãos separados há que praticá-lo deixando cada um em sua crença e convergindo todos (católicos e hereges) a um centro em comum.

E o mandamento de Cristo? Jogamos no lixo?

Como agora não se busca converter, pisoteiam-se as obras de misericórdia, para dizer o menos grave.

Por que os promotores do falso ecumenismo não seguem o exemplo dos santos como São Domingos de Gusmão ou São Luis Maria Grignion de Montfort?

Este último, em seu famoso livro O Segredo admirável do Santíssimo Rosário, escreve: “Ainda que fosseis um herege endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde vos convertiréis e vos salvaréis, desde que rezeis devotamente todos os dias o Santo Terço até a morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de vossos pecados”.

Estes santos souberam sim fazer do Santo Terço uma arma formidável para a conversão, que não o esqueçamos, para isso foi dado ao Santo castelhano a Santíssima Virgem Maria. Concluindo: a oração no ecumenismo deve ser para a conversão e o retorno como fim último; se não, é um falso ecumenismo da pior espécie que esquece o mandamento de Cristo; e daquele que desobedece Cristo já sabemos sua situação:

Quem não é comigo, é contra mim; e quem não junta comigo, desperdiça”. (Mt. 12,30)

Terríveis palavras que devem meditar os promotores do falso ecumenismo.

Glória e adoração somente a Ti, Santíssima Trindade único e verdadeiro Deus!