O diálogo inter-religioso, promovido pelo Concílio Vaticano II, repousa em princípios saídos da filosofia das Luzes. No entanto, seria temerário pensar que a noção de liberdade religiosa é comum a todas as religiões que se pense estarem relacionadas com este diálogo. Afirmar que os escritos dos Enciclopedistas do século XVIII são a expressão universal e eterna das aspirações humanas, pode-se aceitar confortavelmente em Paris ou em Roma, mas não em Tunis ou em Tripoli. A menos que se transforme um Imã em adepto de Voltaire ou em um involuntário discípulo de Rousseau.

O diálogo inter-religioso repousa no pressuposto de que as ideias das Luzes são partilhadas por todos os habitantes do planeta, que constituem uma base comum permitindo empenho em trocas de ideias frutuosas. Mas não se pode esquecer que essas mesmas ideias são muito novas na Igreja Católica. Foram condenadas por todos os Papas até Pio XII. Foi preciso o Concílio Vaticano II para que acontecesse aquilo que o Cardeal Joseph Suenens chamou «1789 na Igreja».

Daí, para que o diálogo inter-religioso possa ter lugar, é necessário e suficiente que o islã, por exemplo, torne sua a Declaração conciliar Dignitatis Humanae sobre a liberdade religiosa. Falando claro, trata-se de exportar Vaticano II para o Cairo!

pelo Rev. Pe. Alain Lorans