por S.E.R. Dom Richard Williamson
COMENTÁRIOS ELEISON 198 (30 de abril, 2011)

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Depois que, há três semanas (CE 195, 09 de abril), eu disse que a “beatificação” de amanhã de João Paulo II fará dele apenas um Neo-Beato da Neo-Igreja, me perguntaram, com alguma razão, se eu era um desses “sedevacantistas”. Afinal, se eu abertamente declaro que Bento XVI é um Neo-Papa, como posso ainda acreditar nele como sendo um verdadeiro Papa? Na verdade, eu creio que ele seja, ao mesmo tempo, Neo-Papa da Igreja Conciliar e verdadeiro Papa da Igreja Católica, porque os dois ainda não excluem completamente um ao outro, então eu não sou o que é classificado como um sedevacantista. Eis a primeira parte do meu raciocínio:

Por um lado, eu considero que Bento XVI é um Papa válido, porque foi validamente eleito como Bispo de Roma pelos párocos de Roma, isto é pelos Cardeais, no conclave de 2005, e se, por algum defeito oculto, a eleição em si não fosse válida, foi convalidada, como ensina a Igreja, por ele ter sido posteriormente aceito como Papa pela Igreja do mundo todo. De modo que, em relação a Bento XVI, eu que quero demonstrar todo o respeito, reverência e apoio devidos ao Vigário de Cristo.

Por outro lado, é óbvio, pelas palavras e atos do Pontífice, que ele é um Papa “Conciliar” e chefe da Igreja Conciliar. Coisa simples de observar a partir das duas mais recentes evidências: a neo-beatificação de amanhã de João Paulo II, um grande promotor do Vaticano II, e a próxima comemoração, em outubro, do desastroso evento de Assis de 1986 de João Paulo II, que violou o Primeiro Mandamento de Deus, em nome do ecumenismo conciliar do homem. Enquanto este Mandamento exclui todas as falsas religiões (Deut. V, 7-9), o Vaticano II praticamente as abraça todas (Unitatis Redintegratio, Nostra Aetate). Então, para além de ser o Vigário de Cristo, eu acredito que Bento XVI também esteja traindo a sua sagrada função de confirmar os seus irmãos na Fé (Lc XXII, 32), de tal forma que, enquanto eu quero respeitá-lo devidamente como Pedro, eu digo também que não posso segui-lo ou obedecê-lo (Atos V, 29) quando ele não se comporta como Pedro. Era esta a distinção que fazia Dom Lefebvre.

Mas observe-se que, mesmo atraiçoando – ao menos objetivamente -, a verdadeira religião, Bento XVI também a abraça! Por exemplo, querendo evitar que o encontro de Assis III seja acusado de misturar religiões como o fez Assis I, ele anunciou que a procissão pública de todas as religiões, juntas, aconteça em silêncio. Em outras palavras, mesmo enquanto promove o erro, Bento XVI dá a entender que não abandona a verdade! E ao comportar-se constantemente deste modo, ele parece-se com um matemático que sustenta que 2 mais 2 pode ser igual a 4 ou a 5! Vindo de um Papa, essa é uma receita para confusão de cima a baixo na Igreja, porque se alguém seguir o Papa nesse “matemático” 4 ou 5 terá em sua cabeça pura contradição e confusão!

Mas observe-se que Bento XVI, como “matemático”, reivindica absolutamente que ele acredita que 2 mais 2 são 4. E enquanto sua reivindicação é sincera, e ele parece sincero – só Deus sabe com certeza -, Bento XVI não está voluntariamente negando o que ele sabe serem verdades definidas pela Fé católica. Ao contrário, ele está convencido, como demonstra Dom Tissier, que ele as está “regenerando”, com a ajuda do pensamento moderno! Isso torna difícil fazer a acusação de heresia formal, neste caso, razão pela qual até mesmo o seu amor e promoção do 2 +2 = 5 ainda não me faz pessoalmente um sedevacantista.

Mãe de Deus, Sede da Sabedoria, protegei-nos da confusão!

Kyrie eleison.