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Esse foi o conselho dado pelo Arcebispo Dom Lefebvre ao jovem Padre Cipriano quando, tendo deixado o Mosteiro de Sainte Madeleine du Baroux [na França, este mosteiro fizera acordos com Roma] por causa da fé, questionou o prelado sobre seu futuro. Dois anos antes, no final da cerimônia de Ordenação em Ecône, ele havia jurado sua fidelidade, suas mãos nas do arcebispo. Essa mesma fidelidade o levou a fundar, no outro lado do mundo, um mosteiro beneditino, em uma montanha como deveria ser, na solidão arborizada do Novo México. “Devemos tentar o impossível!“, foi o testemunho recebido do fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, dois meses antes de sua morte. E o impossível se tornou realidade: a fundação do Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe [O pe. Matthew foi mandado dessa fundação em 2000 para juntar-se ao Rev. Pe. Angel (…) e fundar o mosteiro de Bellaigue.].

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Trabalhos de Hércules

Foram necessários 20 anos de esforços, sacrifícios e orações para prepará-lo para este sábado, 24 de outubro, quando a fundação foi tornada um priorado conventual: um passo decisivo no estabelecimento de um mosteiro beneditino, “escola para o serviço do Senhor”[Regra de São Bento, Prólogo]. “Essa fundação é, ao mesmo tempo, um ponto final e um começo”, comentaria Dom de Galarreta diante de cerca de 300 amigos do Mosteiro reunidos sob a grande tenda preparada para a ocasião. “É fruto de muito trabalho e de muitos sofrimentos e orações, e é um compromisso com um maior fervor e fidelidade.” De fato, é ele quem pode medir a soma de trabalho do qual o mosteiro, com capela, biblioteca, claustro, celas e refeitório, é hoje a realização esplêndida. O imenso reservatório de água nos poços é sem dúvida um dos mais espectaculares e merece uma página inteira só para ele. Desde a descoberta de um pequeno buraco chamado de poço, durante a compra da propriedade, até a perfuração de 2.600 metros, para não mencionar os dois anos de idas e vindas da cidade, regularmente, fazendo chuva ou sol, para encher a caixa d’água.

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Ainda mais misteriosa e deslumbrante é a transformação dos edifícios interiores, não só dos monges e numerosos postulantes, mas também dos inúmeros visitantes e oblatos que passaram por lá ao longo das últimas duas décadas. Se suportar sofrimentos é o segredo do rei, o próprio São Paulo nos autoriza a listá-los como tantas provas da grandeza de Deus. Falsos irmãos e críticos, tentações e desânimos, decepções e abandonos, acidentes e doenças não têm faltado! E até mesmo a própria morte, que veio levar o mestre dos noviços, Pe. João da Cruz, durante o canto do Magnificat, na noite de 29 de junho de 2002.

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Se o grão de trigo… morrer, produzirá muito fruto

Oito monges solenemente professos são necessários para poder fundar um Priorado. Contando com a terceira ordenação sacerdotal junho passado, bem como os quatro clérigos estudando no seminário da Fraternidade em Winona, essa muito jovem [A média é de 25 anos!] e fervorosa comunidade conta com cerca de 30 monges.

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Estabilidade, objeto de um voto especial para o beneditino é agora adquirida por todo o mosteiro. É uma obra da Igreja, reconhecida como tal e ofertada publicamente por ela a seus filhos como uma forma privilegiada de alcançar Deus. “Esta fundação, tendo por muito tempo dado testemunho de fidelidade à fé verdadeira e à Santa Igreja Romana, bem como ao espírito da família beneditina…, nós… decretamos que este mosteiro seja estabelecido como um priorado da Ordem de São Bento”[Decreto de Instituição, 23 de outubro de 2010.]. Dom de Galarreta começou a cerimônia com estas palavras: “pelo poder que a Santa Igreja dá a mim em estado de necessidade, na medida em que somos capazes, com a intenção de, deste modo, ajudar a alcaçar o bem supremo da Igreja e a salvação das almas”[Id.].

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Em seguida, o bispo prosseguiu com a instituição do priorado conventual “por três anos, após os quais ocorrerá uma eleição, de acordo com a Lei”[Id.]. “Lembre-se sempre das almas que você recebeu sob sua responsabilidade e por quem você irá responder! [Ritus de Canonica Erectione Monasterii.]” o bispo advertiu o futuro prior ajoelhando-se diante ele. Então, ele pediu-lhe que jurasse sua submissão à regra de São Bento e que ele iria fielmente manter a disciplina monástica no Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe da América.

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O prior nomeado, após ter confessado a Fé e feito o juramento formulado por S. Pio X, foi então constituído prior e dado “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” à comunidade, que o acolheu com um fervoroso “Amém”. Então, confessando sua indignidade e sua fraqueza, ele confidenciou-se às orações de seus irmãos monges e à intercessão de Deus Todo-Poderoso, da Santíssima Virgem e de São Bento.

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Em seguida, como um sinal da autoridade que lhe foi conferida, o bispo deu-lhe as chaves e o selo do mosteiro. Um documento escrito foi assinado no altar. “Confirmai, ó meu Deus, o que fizestes por vossas mãos, desde vosso santo templo em Jerusalém” [Antífona “Confirma hoc”; Ritus de Canonica Erectione Monasterii.] cantou a comunidade. “Oh Deus, que sozinho realizastes grandes maravilhas, derramai sobre vosso servo o Pe. Prior e sobre a comunidade confiada aos seus cuidados o espírito da vossa graça salvadora e concedei-lhe sempre o orvalho celeste da vossa bênção, para que ele possa agradar-vos em toda a verdade” [Ritus de Canonica Erectione Monasterii.]. Logo após, o bispo, com mitra e báculo, instalou-o em seu lugar no coro, e com o canto do “Te Deum”, os irmãos, um após o outro, vieram dar uma homenagem ao Pai amado.

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A corda de três cabos não quebra

A Missa Pontifical prolongou a ação de graças nessa festa de Nossa Senhora da Boa Esperança, “nossa única esperança nesta crise da Igreja”, como Dom de Galarreta declarou. Ele também indicou à comunidade a condição para permanecer fiel neste tormento, interpretando estas palavras da Sagrada Escritura “uma corda tripla não se arrebenta facilmente“.(Ecle 4:12) “Essas três cordas cuja união si só garante a solidez da resistência são para vocês hoje”, disse ele, “a regra beneditina, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e o bispo católico que nós somos.

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De fato, o decreto específica, “uma vez que é moralmente impossível recorrer à autoridade competente e como nós estamos agindo de forma auxiliar por causa da crise na Igreja e do estado de necessidade…” [Decreto de Instituição, 23 de outubro de 2010.]. É essa união que muitos fiéis que são membros da Ordem Terceira e Oblatos desejam compartilhar, compreendendo como é vital se agarrar a essa corda tecida pela Providência divina. É essa mesma união que explica a presença, neste dia lindo, dos superiores dos distritos do México e dos Estados Unidos, os padres Trejo e Rostand, dos priores de Phoenix e de El Paso, padres Burfitt e Diaz, e do diretor assistente do seminário de Winona, Pe. Asher.

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Finalmente, como um novo fruto desta restauração beneditina na Tradição, no dia seguinte, um novo monge foi feito clérigo da Igreja. O irmão Justin recebeu a tonsura do pontífice. Ele vai juntar-se próximo ano aos seus irmãos no seminário… e até lá, se Deus quiser, dois novos padres terão sido ordenado “ad titulum paupertatis” para o Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe. Deo gratias!

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Retirado e traduzido de dici.org