16-04-2011

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O Professor Heinz-Lothar Barth, que ensina filosofia latina e grega na Universidade de Bona, acaba de publicar, nas edições Sarto, uma obra intitulada Papst Johannes Paul II. Santo Subito? Ein kritischer Rückblick auf sein Pontifikat (João Paulo II, Santo Súbito? Uma retrospectiva Crítica do seu Pontificado).

Este livro lança um olhar crítico sobre o pontificado de João Paulo II, tratando de diversos aspectos menos conhecidos do grande público. E como o seu autor queria provocar uma reação em Roma na ocasião do processo de beatificação do Papa defunto, traduziu-o de alemão para latim. As duas versões estão disponíveis nas edições Sarto.

Os argumentos do Dr. Barth são, exclusivamente, de ordem teológica, sem julgamento das virtudes e da piedade pessoal de João Paulo II, do qual saúda o combate contra o aborto e a favor da moral conjugal, assim como a luta contra o comunismo. Mas, a verdade obriga a denunciar os aspectos negativos do seu pontificado, que constituem pesada hipoteca para todos os seus sucessores no Trono de Pedro.

Heinz-Lothar Barth examina escrupulosamente, com todo o rigor da filologia alemã, quatro documentos particularmente significativos:

– Nota para a correta apresentação dos Judeus e do Judaísmo na pregação e catequese da Igreja Católica (1985).

– Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, da Federação Mundial Luterana e da Igreja Católica (1999).´

– A interpretação da Bíblia na Igreja (1994).

– Declaração de Balamand sobre os Católicos Uniatas (1993).

Cita, igualmente, outras tomadas de posição de João Paulo II, por exemplo, as suas ideias teológicas sobre o limbo das crianças não batizadas em Evangelium vitae (1995) nº 99, o seu reconhecimento da validade da missa sem palavras de consagração: anáfora de Addaï e Mari (ler em fsspx.org), a sua permissão de “servidoras de missa” (primeiramente julgadas por ele próprio – uns anos antes – incompatíveis com a Tradição), a proliferação da comunhão na mão, as liturgias inculturadas nas suas viagens pelo mundo inteiro, e a sua reserva contra a Missa tradicional, da qual reprovava a celebração exclusiva («quod valde dolendum est, fortemente a deplorar», AAS 81/1989, 909).

O Dr. Barth critica, sobretudo, o ecumenismo e os encontros inter-religiosos de oração, inimagináveis até Paulo VI – ver, por exemplo, Evangelii nuntiandi (1975), nº 53. Reúne, além de outras, diferentes citações do jovem teólogo Joseph Ratzinger, que podem fornecer uma rede de leitura para o julgamento da teologia das religiões de João Paulo II. Essa estranha teologia, que conduziu à reunião inter-religiosa de Assis (1986), encontra-se já na sua primeira encíclica Redemptor Hominis, cujo nº 6 propõe orações inter-religiosas, bem como no retiro de Quaresma pregado pelo cardeal Wojtyla a Paulo VI, em 1976, onde se pode ler: «Todos os homens são salvos e justificados por Cristo». O autor lembra que o Cardeal Wojtyla foi, igualmente, um dos principais redatores da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, redação que foi o início e a base de uma amizade íntima com Yves Congar, O.P. e Henri de Lubac, S.J., os dois grandes representantes da nova teologia reprimida até Pio XII.

Há 15 anos que o Dr. Barth e sua esposa organizam uma Universidade de Verão Católica para estudantes, em Schönenberg, numa escola da Fraternidade São Pio X, na Alemanha. Residem em Bona, onde são paroquianos do Priorado de Cristo Rei.

Heinz-Lothar Barth, Papst Johannes Paul II. Santo Subito? Ein kritischer Rückblick auf sein Pontifikat, 190 p., 14,90 € – Tradução latina: Papa Iohannes Paulus II sitne Sanctis sine mora ascribendus. Vel : De pontificatu Iohannis Pauli II quid nobis sentiendum sit., 131 p., 14,90 € – Editions Sarto (Tél. 0049 711 89692929) – Site Internet: www.sarto.de

(Fonte: FSSPX/Allemagne – DICI n°233 du 16/04/11)