Dom Antônio de Castro Mayer

Bispo de Campos, RJ

Nasceu em Campinas, em 20 de junho de 1904. Com mais 11 irmãos, era filho do imigrante alemão John Mayer e de Francisca de Castro, nascida em Campinas, e casados na Igreja Nossa Senhora do Rosário, no dia 08 de junho de 1888. Seus pais mudaram-se para São Paulo em 1909, onde Dom Antônio cursou o Grupo Escolar do Pari desde 1911.

Entrou no Seminário Menor de Pirapora em 16 de fevereiro de 1916 e no Seminário de São Paulo, no Bairro da Luz, em 1921.Cursou Teologia no Instituto Gregoriano, em Roma, e foi ordenado Presbítero no dia 30 de outubro de 1927, na capela do Colégio Germânico, pelas mãos do Cardeal Basílio Pompili, Vigário Geral do Papa Pio XI.

Foi professor do Seminário Arquidiocesano de São Paulo, Assistente Geral da Ação Católica Arquidiocesana, em 1940, Cônego Catedrático e Tesoureiro-mor do Cabido Metropolitano de São Paulo, em 1941, Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo, em 1942, e Vigário Ecônomo da Paróquia de São José do Belém, em 1945. Nomeado pelo Papa Pio XII Bispo titular de Priene e Coadjutor com direito à sucessão da Diocese de Campos, foi sagrado Bispo pelo Núncio Apostólico Dom Carlos Chiarlo, tendo como co-sagrantes Dom Ernesto de Paula, Bispo de Piracicaba, e Dom Geraldo de Proença Sigaud, Bispo de Jacarezinho, em 23 de maio de 1948, na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo.

No dia 03 de janeiro de 1948 ascendeu ao Episcopado de Campos. Dom Antônio teve uma grande dedicação e zelo na sua missão. Organizou a Semana Eucarística em preparação ao 36º Congresso Eucarístico Internacional, realizado de 16 a 25 de abril de 1955, e estabeleceu, em toda a Diocese, a Adoração diurna do Santíssimo Sacramento. Fundou também cinco paróquias, ordenou 23 padres, fundou o Seminário de Maria Imaculada, sendo o Menor de 1957 e o Maior de 1969, e elevou a Catedral Diocesana à Basílica Menor do Santíssimo Salvador, em 1963. Outras realizações foram as Missões Diocesanas presididas pela imagem Peregrina e Milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, em 1974 e 1976.

Atitude de Monsenhor de Castro Mayer durante o Concílio e o pós-Concílio.

1º No Concílio.

Durante o Concílio, Dom Antonio de Castro Mayer enfrentou a corrente progressista e destacou-se como um dos líderes da corrente conservadora. Suas intervenções a favor do latim na liturgia, da estrutura monárquica da Igreja, da manutenção dos privilégios que na ordem social cristã devem distinguir a Santa Igreja das seitas heréticas e da condenação explícita do comunismo fez dele um dos principais defensores da doutrina tradicional da Igreja durante o Concílio. Com monsenhor Marcel Lefebvre, ele fez parte do “Cœtus Internationalis Patrum” e foi com ele um dos únicos bispos do mundo a continuar, no período pós-conciliar, uma luta pública contra erros que corrompem a fé e causam perdas de tantas almas.

2º Bispo Emérito de Campos.

Após sua valiosa participação no Concílio, ele retornou à diocese, onde manteve tenazmente a Tradição até sua renúncia forçada em 1981. Com a chegada do novo bispo, monsenhor Carlos Navarro, vários padres formados por monsenhor de Castro Mayer foram expulsos de suas paróquias e perseguidos por querer preservar a Tradição da Igreja. Antes dessa implantação do progressivismo na diocese pelo novo chefe, Monsenhor de Castro Mayer sentiu o dever de apoiar os padres, que instintivamente e filialmente se voltaram para ele. Todos eles apresentaram suas decisões, seus projetos para a construção de novas capelas, suas congregações e associações paroquiais, para poder enfrentar a situação. Para reagrupar esses padres e os novos que ele ordenou, ele fundou a União Sacerdotal San Juan María Vianney em Campos.

3º Ação conjunta com Monsenhor Lefebvre.

Deve-se notar também que Monsenhor de Castro Mayer redigiu, com Monsenhor Lefebvre, vários manifestos de resistência às inovações ou de advertência ao Papa, entre os quais o mais conhecido é o Manifesto Episcopal de 21 de novembro de 1983, no qual denunciaram ao papa João Paulo II os principais erros do Concílio e o distanciamento que supunham de toda tradição e ensino perene da Igreja.

E, sobretudo, Monsenhor de Castro Mayer esteve presente como bispo co-consagrante nas sagrações episcopais de 30 de junho de 1988 em Ecône, realizado por Monsenhor Lefebvre. Ele então declarou, depois de definir a atual crise que afetava a Igreja no que era mais substancial, o santo Sacrifício da Missa e o Sacerdócio Católico, que estava presente por um verdadeiro dever de consciência, para dar testemunho público de fé numa época em que as almas corriam grande risco de perdê-la; e, depois de lamentar a cegueira de tantos irmãos no episcopado, ele terminou expressando sua adesão à postura de Dom Lefebvre, “ditada por sua fidelidade à Igreja de todos os séculos”, acrescentando esta bela observação: “Nós dois bebemos da mesma fonte, que é a Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana”.

4º Último ato público: ordenação sacerdotal em Varre-Sai.

De volta a Campos, Monsenhor de Castro Mayer procedeu à ordenação do Padre Manuel Macedo, em Varre-Sai, em 18 de dezembro de 1988. Durante a cerimônia, explicou as razões dessa aparente “desobediência”:

Ninguém pode negar que estamos vivendo uma terrível crise na Igreja, que afeta profundamente o sacerdócio católico. A perpetuidade do Santo Sacrifício da Missa, a administração dos Sacramentos, a preservação e a transmissão fiel da fé católica estão hoje seriamente ameaçadas. Por tudo isso, é inegável o estado muito grave de crise na Igreja e a necessidade que temos dos padres católicos para o Santo Sacrifício e para a doutrina. Quando as autoridades da Igreja se recusam a dar padres verdadeiramente católicos, um bispo não pode alegar ter cumprido seu dever, se ele apenas resiste à fé como leigo. Diante de Deus, de quem recebi todo o poder da ordem na sagração episcopal, afirmo que, na atual crise, não é apenas lícito, mas também urgente, mesmo como um dever urgente, usar esses poderes para o bem das almas … assim, cumpro a missão que me foi confiada: transmito o sacerdócio católico que recebi: “Tradidi quod et accepi”.

Em 25 de abril de 1991, festa de São Marcos Evangelista e exatamente um mês depois da morte de Dom Marcel Lefebvre, Dom Antonio de Castro Mayer entregou sua alma a Deus, depois de 42 anos de episcopado e 63 de sacerdócio.

Certamente o Senhor o considerou um servo bom e fiel ao seu ministério episcopal, motivo pelo qual também lhe devemos nosso louvor e gratidão.

Os restos mortais de monsenhor de Castro Mayer descansam, aguardando a ressurreição, na cripta da Capela de Nossa Senhora do Carmo, no cemitério reservado para a Ordem Terceira.