14/02/2002

A posição do Mosteiro da Santa Cruz diante desse acordo não poderia deixar de ser a de reprovação de um ato no qual vemos um grande perigo e um grave equívoco.

O equívoco consiste em dar a crer a muitos que é possível que a verdade tolere o erro, que progressismo e Fé católica possam coexistir pacificamente, que é possível acordo prático sem “acordo” doutrinal, ou melhor, sem que “ a verdadeira luz da Tradição dissipe as trevas que obscurecem o céu da Roma eterna” (Declaração de Dom Lefebvre do dia 21 de novembro de 1974). Como obter uma união fora da verdade, como lembrava Dom Fellay na sua carta aos amigos e benfeitores do dia 5 de maio de 2001? Aliás, este clima equívoco e ambíguo se faz notar em diversas afirmações da imprensa que fala em “fim do cisma” (que jamais existiu) ou de “retirada da excomunhão” de Dom Licínio (que também jamais existiu) e outras expressões do gênero, as quais se encontram mesmo em textos oficiais. É de se notar que Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer continuam a ser considerados como rebeldes, proscritos e cismáticos, quando o contrário é que é verdade.

Após o equívoco, o perigo consiste simplesmente na diminuição da Fé. O contato com os progressistas, o silêncio imposto pelas boas relações com o Vaticano só poderá levar a uma diminuição do testemunho que os padres e fiéis têm o dever de dar. Ora, corre-se sempre o risco de se perder aquilo que não se defende mais, como uma propriedade invadida e mal defendida.

A esses dois males podemos acrescentar uma terceira razão de recusar todo tipo de acordo semelhante ao que foi feito. A legítima desconfiança que temos diante das autoridades romanas que não cessaram durante todos esses últimos trinta anos de perseguir os católicos fiéis e proteger, na maioria esmagadora dos casos, os maus padres, os modernistas, marxistas, progressistas, carismáticos, etc. para não falar dos elogios à Lutero, as honras cardinalícias dadas a modernistas notórios e outros absurdos. Como ter confiança nesses prelados? Como não pensar (eles mesmos já começam a falar disso) que eles querem simplesmente acabar com o que resta da Fé e de resistência incondicional aos erros modernos já condenados pela Santa Madre Igreja contra a qual “as portas do Inferno jamais prevalecerão”? Não se leu na Agência Zenit que Roma não tem pressa mas que deseja um dia ver Campos concelebrando a nova missa? Como confiar na boa fé dos modernistas? E Assis? Este “pecado público contra a unicidade de Deus, contra o Verbo Encarnado e sua Igreja” como diziam Dom Lefebvre e Dom Antônio em 1986 e como Dom Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, fala hoje com igual energia. Entrar no jogo deles é se expor a ser envolvido e arrastado pelo dinamismo próprio da comunhão com os que professam os mais graves erros.

Que Nossa Senhora suscite em Campos uma salutar reação, para que esse acordo seja desfeito, graças à defesa firme e intransigente da verdade por parte dos padres e fiéis formados por Dom Antônio de Castro Mayer. É o milagre que ousamos pedir em nossas orações.

Retirado da Página do Mosteiro da Santa Cruz.