Áudio integral da alocução

Excelentíssimo Monsenhor Lefebvre, 

Como Vossa Excelência vai passar a história da Igreja no Brasil, escrevendo um capítulo saliente também a história da Igreja no mundo. Eu tenho uma grande satisfação de vim aqui a Ecône conhecer de mais de perto toda essa obra de Monsenhor Lefebvre com quem, graças a Deus, estive sempre em união e sempre mantendo as mesmas relações sem nenhuma restrição. 

Por isso, o que agora falaram quando souberam que Monsenhor Lefebvre, para a conservação da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, vai proceder com a sagração episcopal quando recebi muitas cartas insistindo para que eu não desse um passo desses, eu lamentei, lamentei muito a cegueira desses meus colegas. 

É uma coisa dolorosa perceber-se a ignorância de certos colegas nossos no episcopado e também no sacerdócio, que não veem que a Igreja está passando por uma crise como Ela nunca conheceu na história em época alguma; uma crise que atinge a Igreja no seu cerne, porque atinge a Igreja no que Ela tem de substancial, que vem a ser o Santo Sacrifício da Missa e o sacerdócio; aliás, são duas coisas unidas, porque sem sacerdócio não há o Sacrifício da Missa. Não se discute aqui se essa nova fórmula da missa termina sendo válida ou sendo inválida. Não se trata disso! Trata-se de ter a perenidade desse sacrifício, porque só é possível ter na perenidade do sacerdócio; e não ter a perenidade do sacerdócio é inútil às missas celebradas pelas pessoas que não receberam o Espírito Santo na ordenação sacerdotal.

Por isso, eu tinha mais que uma obrigação de consciência de vim fazer essa profissão de Fé Católica diante de toda a Igreja, diante do caríssimo Monsenhor Lefebvre, diante de todos esses meus caríssimos alunos da Santa Igreja e na pessoa de Monsenhor Lefebvre e de todas os senhores, e diante de toda a Santa Igreja, para dizer que eu vim aqui a Ecône pois acho que é a minha obrigação e é obrigação porque se trata da conservação do Santo Sacerdócio. 

Podem as pessoas dizerem que houve excesso de minha parte. Podem dizer isso! Podem as pessoas dizerem que essas ordenações me carecem da união com o chefe visível da Igreja. Essas ordenações apenas vão trazer muitas vocações! 

Aonde está o chefe visível da Igreja?           

Não podemos aceitar que o chefe visível da Igreja e alguns bispos coloquem lado a lado e em paridade de condições a divindade do paganismo e a Pessoa Adorada de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meus caríssimos amigos, é preciso refletir sobre as consequências disso tudo; e isso a gente pode dizer na metade de uma página, onde pode está tudo dito o essencial. Mas é preciso ir a fundo, é preciso meditar nas suas consequências. 

Se de fato na Igreja todo mundo aceita essa doutrina, se podemos colocar lado a lado Jesus Cristo e as divindades pagãs, digo aqui quanto aos divinos sacramentos, então a Igreja teria desaparecido; porque essa afirmação denuncia a falta, a inexistência de verdadeira Fé na Igreja e a falta de Fé por parte mesmo dos fiéis, como afirmava o abade beneditino Dom Guéranger.

Quando a suprema autoridade falha, porque ela pode falhar, aqui não se discute se ela peca ou não peca. Não! Apenas se discute se ela pode falhar ou não quando vem a ensinar um erro, ainda que esteja ensinando de boa-fé; mas se ensina um erro, ela perde a autoridade; pois se ensinou um erro, já não pode ser a norma, o paradigma da Verdade Católica. Nós vimos isso em Assis, nós vimos isso em Roma e, infelizmente, é coisa mais ou menos o comum. Quando estive na última vez em Assis, ainda me recordo que em uma reunião que havia, que foi como uma repetição da reunião de Assis [encontro de Assis em 1986], em que todos os católicos e protestantes pediam pela paz na igreja. 

Isso já dito, para apenas ter algumas amostras de que como, graças a Deus, eu tenho uma adesão inteiramente completa, total, sincera e profunda, igual a posição do nosso caríssimo Monsenhor Lefebvre.

Nós esperamos com as bênçãos de Nossa Senhora, com as graças que Ela vai nos obter, a graça de não somente vencermos essa batalha, isso seria secundário, mas a graça de que os fiéis terminem abrindo os olhos e se afastando desse erro pernicioso que os assalta e que é hoje, infelizmente, acobertado por muitas pessoas que receberam a plenitude do Espírito Santo. 

Depois, habituemos a oferecer algumas penitências para pedir a Deus, Nosso Senhor, a sua misericórdia para conosco e que perdoe nossos pecados, e que termine dando um novo florescimento à sua Santa Igreja. 

Ave Maria…