Ao final deste artigo, assista à entrevista de Dom Huonder legendada em português.

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Após a primeira parte do vídeo de Dom Vitus Huonder, bispo emérito da diocese de Coire na Suíça, um artigo do kath.ch, publicado em 27 de abril, fez uma apresentação sóbria e honesta de “Mon chemin vers la FSSPX” (“Meu caminho em direção à FSSPX”), publicado no YouTube três dias antes.

Uma primeira reação atrabiliária

Já em 1º de maio, o kath.ch abriu suas colunas para o Pe. Heinz Angehrn – que também dirige um blog na mesma plataforma -, sacerdote da diocese de St. Gallen, onde comenta sobre o vídeo do bispo o seguinte:

“Huonder (Lefebvre!) quer salvar a Igreja afastando do maligno mundo moderno uma pequena multidão de fiéis de fé ortodoxa (os homens, já que as mulheres não têm direitos nessa Igreja), para trazê-los de volta à era monárquica e patriarcal anterior à Revolução Francesa e à Declaração dos Direitos do Homem.

“Os verdadeiros clérigos-pastores devem alimentar suas ovelhas e protegê-las de evoluções prejudiciais, como a ideologia de gênero, o wokismo, e tudo o mais que o demônio tem em vista. A antiga liturgia latina de seus líderes, que lhes viram as costas, é um bálsamo para suas almas e repele os espíritos malignos. A seita católica, em resumo”.

Quando se trata de comentar sobre essa erupção, a caneta – ou o teclado – hesita. Caricatura? inconsciência? ignorância afetada? medo dessa “seita católica” (um verdadeiro oxímoro)? Uma coisa é certa: a Tradição não tem direito à consideração ou ao “diálogo” misericordioso; ela é merecedora apenas de desprezo.

Uma segunda reação de denúncia

Em 3 de maio, o teólogo e jornalista Charles Martig, novo editor-chefe do site kath.ch fez um discurso violento contra o bispo Huonder. Ele acusou o bispo emérito de Coire de fazer “acusações graves contra o Papa”, acusando-o de “querer erradicar a liturgia romana“, e de se opor ao Papa Francisco “aproveitando o espaço da mídia”.

Para completar, o acusa de escândalo por ter “abandonado a Igreja Católica Romana” e se juntado à “Fraternidade de São Pio X”, que está “fora da Igreja”. Em sua empolgação, pediu seguidamente a intervenção do Vaticano, depois do Núncio Apostólico na Suíça e, por fim, a abertura de um processo de inquérito apostólico.

As razões por trás desse zelo amargo que reclama por cabeças cortadas

A primeira razão para esse zelo amargo parece ser a de desviar a atenção. Nosso autor escreve: “Em vez de acusar os agentes pastorais (…) de ‘abusos litúrgicos’ e fazer com que sejam controlados pelas autoridades do Vaticano, deveríamos colocar os tradicionalistas sob vigilância. Porque eles representam um perigo”.

No entanto, os abusos litúrgicos em questão são nada menos do que uma “concelebração” feita por duas mulheres na diocese de Zurich (https://fsspx.news/fr/news-events/news/zurich-deux-femmes-concelebrent-une-eucharistie-76195), escândalo que ao bispo local a ordenar uma investigação…

O segundo motivo é o medo: o progressismo está perdendo força enquanto a Tradição está se expandindo rapidamente. Os progressistas gostam de condenar [àqueles que os enfrentam] no desespero por manterem as mãos livres e se sentirem seguros.

Finalmente, o terceiro motivo é a cegueira: obcecados por uma visão do catolicismo totalmente integrada com o mundo moderno, perderam a fé na Igreja. É por isso que não suportam que lhes lembrem das verdades católicas.

Isso tudo não impede que o testemunho do bispo Huonder permaneça, e que dê frutos nas almas que estão a se fazer perguntas vitais sobre a atual evolução da Igreja – ou melhor, dos homens da Igreja -, ajudando essas almas a encontrar a salvação em nossos tempos conturbados.

Entrevista de Dom Vitus Huonder em três partes